Cadernos de Seguro

Editorial

Caderno do Editor

Por Lauro Vieira de Faria

Esta primeira edição da revista Cadernos de Seguro de 2018 tem como tema de capa a fraude em seguros. Como se sabe, a fraude prejudica o desenvolvimento do mercado de seguros ao aumentar a sinistralidade e os custos de regulação de sinistros, levando as seguradoras a majorar os prêmios, em prejuízo dos consumidores e segurados honestos.

Certos ramos de seguros sofrem mais os efeitos de abusos e fraudes que outros. A edição abre com entrevista do Dr. Edmond Barras, médico titular e chefe do Serviço de Clínica e Cirurgia da Coluna Vertebral do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo desde 1978. Conceituado especialista e um crítico certeiro dos desperdícios e abusos na saúde, o Dr. Barras é também idealizador de ação pioneira nesse campo, o projeto de segunda opinião da Beneficência Portuguesa.

Opiniões de especialistas categorizados da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg) e da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) e dados de fraudes em seguros no Brasil seguem a entrevista. O tema fecha com envolvente artigo de Ricardo Bechara que mostra, com diversos exemplos, ser a fraude a antítese do seguro, como contrato peculiarmente de boa-fé, e ocorrer com maior intensidade em tempos de crise e diante da certeza da impunidade.

A edição tem ainda artigo de José Cechin sobre o quase incontornável problema do aumento dos custos dos tratamentos de saúde. O autor alude à recente aliança de gigantes corporativos ? Amazon, Berkshire Hathaway e JPMorgan Chase ? para formação de empresa independente de saúde para seus funcionários nos Estados Unidos, um sinal de quão frustradas as organizações estão com o estado do sistema de saúde do país e o custo crescente do tratamento médico. Interessantemente, depois do anúncio, as ações dessas empresas caíram na bolsa de valores dos EUA.

Publicamos também três artigos escritos por nossos professores e premiados no final de 2017 pela Escola. Aderbal Braun Amaro tratou do tema da ?disrupção no mercado de seguros?, definida como iniciativas que apresentam produtos acessíveis e incentivam um mercado emergente de consumidores, desestabilizando as empresas que eram líderes no setor. No Brasil, o autor lista como atividades desse tipo: a quebra do monopólio do resseguro, a maior oferta de produtos de seguros, a criação de ferramentas de cálculo, inicialmente através dos kits
e, depois, dos sites das seguradoras e dos sistemas de multicálculo, e os sites de venda on-line.

José Percy Maynardes discute o modelo previdenciário administrado pelo Estado, indagando se determinadas reformas não poderiam ampliar suas opções e melhorar a administração dos recursos arrecadados. Destaca o modelo da Austrália, em que previdência e renda mínima são assuntos diametralmente distintos e no qual os nacionais podem escolher entre diferentes administradores para gerir, de forma profissional, os seus recursos, oriundos de encargos pagos, por eles e por seus empregadores.

Finalmente, Raphael Macedo Mussi mostra a repercussão positiva que o ?drone? pode ter em processos produtivos e, especificamente, na indústria de seguros. Segundo ele, o mercado de seguros será afetado, primeiro, porque o aumento de aeronaves nos céus eleva os riscos de colisão com aviões, construções e pessoas, e o seguro tem um papel vital a prestar na proteção de operadores e do público em geral. E segundo, por que os drones irão interferir na forma de subscrição dos riscos, na monitoria daqueles suscetíveis a desastres naturais e na regulação de sinistros.

Boa leitura!
16/5/2018

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