Cadernos de Seguro

Entrevista

Membro do Conselho de Administração da Marítima Seguros e Diretor-Executivo de Planejamento, Gestão de Riscos e Complience

Participou Samy Hazan
Superintendente de Planejamento e Vida da Marítima Seguros

DEPOIS DO 11 DE MARÇO
Por Vera de Souza
Fotos Édi Pereira

O terremoto que atingiu o nordeste do Japão no último dia 11 de março registrou 9.0 na escala Richter e foi seguido de tsunami na costa de Honshu, levando a perdas enormes, tanto de vidas como materiais. A Agência Nacional de Polícia anunciou, em 21 de março, que mais de 20 mil pessoas teriam morrido ou ainda se encontravam desaparecidas. Os prejuízos ainda incluem um total de 14.697 residências destruídas, sendo 149 pelo fogo e mais de mil arrastadas pelas ondas.
Recém-chegado do Japão, Mikio Okumura, executivo da Marítima Seguros, conta, em entrevista a Cadernos de Seguro, como o país está enfrentando essa situação que se agravou com o acidente nuclear, quais medidas emergenciais governo e seguradoras estão adotando e os cenários para os próximos meses.

Cadernos: Desde os primeiros momentos, as imagens do terremoto e, posteriormente, do tsunami que assolaram parte do Japão estiveram presentes em todas as mídias e o mundo pôde acompanhar a extensão da catástrofe. O que vem sendo feito para ajudar as vítimas?
Mikio Okumura: Em primeiro lugar, os números divulgados em 21 de março estão aumentando a cada dia, consequência dos problemas com a usina nuclear que dificultam o trabalho nas áreas afetadas. Em alguns lugares, nem a polícia nem os bombeiros têm como entrar, e quando conseguem ter acesso, constatam que o problema é muito maior. Por isso, as seguradoras japonesas fizeram um pool e, assim como toda a sociedade, estão mobilizadas para ajudar e resolver os problemas das vítimas e a reconstrução do país. Estamos estudando formas de pagar as indenizações do modo mais ágil e transparente possível. No Japão, como aqui, quando há um sinistro, são enviados os inspetores das seguradoras, que verificam o valor de perda. No momento, as seguradoras estão aceitando, até certo limite, a informação concedida pelos segurados, declaradas no aviso de sinistro. O propósito do mercado segurador japonês, no momento, é ajudar aqueles que foram atingidos. Não importa se as seguradoras vão ganhar ou perder dinheiro.

Cadernos: As seguradoras têm reservas suficientes para enfrentar essa situação?Okumura: Como é sabido, no Japão, temos muitas catástrofes naturais (terremotos, furacões, vendavais e tsunamis). As seguradoras precisam fazer provisões para esses riscos. Além disso, o governo dá incentivos fiscais. O mercado de seguros em geral tem reservas suficientes para enfrentar a crise atual. Precisamos entender também o mecanismo de seguro para terremotos no Japão. Existe um consórcio formado pelas seguradoras japonesas, a Japan Earthquake Reinsurance (JER, similar ao consórcio DPVAT), que assume uma parte do risco. Esse consórcio não tem fins lucrativos, a arrecadação visa apenas a pagar as perdas decorrentes de terremoto. A partir do limite assumido pelo consórcio, o governo japonês toma para si o risco adicional de terremoto. No caso dos seguros empresariais, o risco do terremoto é repassado para as resseguradoras internacionais. Historicamente, as seguradoras sabem que o risco é grande. Assim, normalmente de 70% a 90% são repassados às resseguradoras. Por esse motivo, a Munich Re e a Swiss Re estão divulgando prejuízos da ordem de aproximadamente US$ 2,1 bilhões e US$ 1,2 bilhão, respectivamente.

Do ponto de vista estritamente financeiro, não há grandes preocupações, pois a retenção das seguradoras para o risco de terremoto é limitada; há proteção do resseguro internacional, além de reservas técnicas suficientes.

A verdade é que sempre estamos preparados, pois nossas projeções são baseadas nos piores cenários, por isso as seguradoras têm suficiente liquidez para fazer frente a esse tipo de risco catastrófico.
Vários analistas financeiros estão comentando que as seguradoras japonesas vão precisar vender ativos, principalmente os títulos

03/05/2011

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