ENTREVISTA COM EDUARDO TAKAHASHI
Diretor do segmento Risk Management, responsável pelas áreas de Risk Consulting, PEMA (Private Equity and Mergers & Acquisitions) e Infraestrutura da Marsh Brasil.
Países de economia emergente estão no foco das grandes empresas petroleiras. Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Rússia e Tailândia, para citar alguns, possuem reservas naturais que compensam o investimento dos grupos, apesar dos riscos que comportam a operação de exploração desse tipo de fonte de energia. Segundo o diretor do segmento Risk Management e Infraestrutura da Marsh Brasil Eduardo Takahashi, em entrevista à Cadernos, esta é a tendência atual: empresas em busca de fontes de energia se aventurando em ambientes mais complexos e movimentando um mercado que vai além da exploração em si, onde o setor de seguros tem muito a precificar.
CADERNOS: Tendo por base o Mapa de Risco Político de 2012, divulgado em fevereiro pela empresa de análise e mapeamento de riscos Maplecroft, em conjunto com a Prática Global de Risco Político e de Crédito Estruturado da Marsh, em alguns países de economia emergente, cuja avaliação do risco político é alta ? como Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Indonésia, México, Peru, Rússia, Tailândia, Turquia e Uruguai ?, há um panorama de ganho social que pode estimular algumas empresas que querem investir no setor de energia, especialmente na exploração de petróleo e gás. Os dados nos surpreenderam e gostaríamos de saber, com sua experiência, de que forma isso é possível?
EDUARDO TAKAHASHI: Podemos fazer uma correlação. O mercado de energia tem oferecido aos investidores e às empresas em geral a oportunidade de grandes ganhos. Se você olhar a evolução do preço do barril de petróleo, o valor das commodities de energia, etc, esse setor tem exercido papel fundamental em todas as economias mundiais, principalmente naquelas emergentes. Isso contrasta um pouco com o risco político. Em alguns países onde encontramos muita reserva de hidrocarboneto, minerais e minério, existe também a questão do risco político. Há, então, uma correlação contrária entre a fonte e o risco político, mas continua existindo uma sede muito grande das empresas em investirem, independentemente ou considerando esse risco político agravado, em alguns países. Esta é a tendência que constatamos: das empresas em busca de fontes de energia, dos hidrocarbonetos, em função da alta dos preços dessas commodities, e considerando de alguma forma a questão do risco político, que é mais um dos fatores de risco, mas não é o único. A questão do risco político é importante, mas não é a única que deve ser considerada na análise na hora de investir.
CADERNOS: Que outros riscos deveriam ser levados em consideração?
TAKAHASHI: De novo existe a correlação: quanto mais arriscada de alguma forma a operação ou quanto mais difícil for a exploração, maior o ganho. Hoje, cada vez mais, a exploração de energia oriunda principalmente dos hidrocarbonetos, do petróleo, ocorre em ambientes mais complexos, em águas mais profundas, onde se tem riscos maiores de exploração e é preciso portar muito mais tecnologia. O próprio fato de se aventurar em ambientes mais complexos e até desconhecidos faz com que as empresas olhem a questão do risco de maneira muito mais ampla.
CADERNOS: É o caso do pré-sal no Brasil, não é?
TAKAHASHI: Sim, o caso do pré-sal no Brasil é um exemplo. Hoje o pré-sal está numa profundidade muito maior do que as outras bacias que se costumava explorar por aqui. O fato de estar em águas profundas exige de quem está explorando uma tecnologia bem diferenciada, muito mais sofisticada e é preciso considerar que os riscos serão maiores: a distância da costa, a necessidade de construção de plataformas que alcancem uma profundidade maior, a utilização de equipamentos que suportem a pressão de exploração do hidrocarboneto. Enfim, são essas questões que teremos de examinar.
CADERNOS: Inclusive os riscos ambientais, que também entram nessa conta...
TAKAHASHI: Sim, claro. Os riscos ambientais estão cada vez mais severos. Hoje se
29/11/2012