Cadernos de Seguro

Artigo

Tempo de recuperar a confiança perdida


[I]O seguro, a regulação e a supervisão em um ambiente pós-crise[/I]

[B]Patrick M. Liedtke[/B]

A crise de crédito que teve a sua origem nos mercados de subprime dos EUA se espalhou para outros tipos de ativos, outros setores e outros países, causando um forte impacto em praticamente todas as economias que compõem o sistema econômico global do mundo atual. Embora a crise tenha tido um impacto diferenciado sobre o setor bancário e sobre o segmento de seguros no setor de serviços financeiros, todo o mercado financeiro e seus participantes estão sujeitos a uma vigilância muito mais estreita. Mesmo que o setor de seguros tenha sido afetado de uma forma mais indireta e o seu modelo de gerenciamento de riscos e de negócios tenha resistido às pressões, até agora, com mais resiliência, parece que ele terá que operar em um ambiente futuro com mais regulação e com uma supervisão mais controlada do que no passado.

Ao mesmo tempo, torna-se imperativo para a eficiência do futuro sistema de produção em seguros que o ambiente pós-crise possa equilibrar prudência e eficiência, controle de forças negativas e a liberdade empreendedora que pode gerar crescimento e prosperidade. Soluções inteligentes para amortecer a crise e ações pós-crise eficientes requerem ações cuidadosas, conscientes e comedidas. Grande parte da confiança no setor financeiro e no sistema financeiro em geral, assim como a confiança nos operadores, reguladores e supervisores, a qual foi perdida ao longo dos últimos trimestres, somente pode ser restabelecida se a estrutura resultante da crise for eficiente, justa e sustentável. É igualmente importante que tais estruturas respondam tanto durante períodos normais como em tempos de estresse. Como o seguro é um negócio de longo prazo, que depende, como poucos outros, de mercados eficientes, aceitação prudente de riscos por parte de todos os envolvidos (incluindo os governos) e disponibilidade para diversificação através de regiões e setores, esse mercado tem muito mais riscos em jogo do que as outras indústrias.

Quando os principais supervisores do setor de seguros se reunirem no Brasil ainda este ano, por ocasião da Conferência Anual da Associação Internacional de Supervisores de Seguros (International Association of Insurance Supervisors, IAIS), eles terão mais sobre o que conversar e mais decisões importantes a tomar do que nunca antes. A relevância de seu trabalho conjunto nunca foi tão importante como hoje. As consequências de suas decisões e ações serão sentidas ao redor do mundo, possivelmente durante muitos anos pela frente, assim como quaisquer indecisões ou falta de ação.
Apesar de quase dois anos terem se passado desde que os primeiros problemas começaram (em agosto do ano passado), ainda não se pode afirmar que a crise chegou ao seu fim. Enquanto a maioria dos mercados tem se recuperado de algumas de suas extraordinárias quedas dos meses passados, a crise até agora tem sido caracterizada por uma série de acontecimentos inesperados. Portanto, é difícil tirar qualquer conclusão definitiva. Para poder acompanhar os eventos extraordinários, The Geneva Association desenvolveu um website (http://www.genevaassociation.org) dedicado ao assunto, com material preliminar disponível para todos os que tiverem interesse em entender a crise de crédito sob o ponto de vista de seguros.

Os efeitos de uma economia mundial em recessão são bem diferentes do impacto que a crise original de crédito teve sobre o mercado de seguros. Apesar da crise mundial de crédito ter gerado um grande problema para alguns segmentos da indústria de serviços financeiros, a maioria das seguradoras escapou ilesa dos primeiros dois acontecimentos negativos (escassez de liquidez e prejuízos decorrentes da perda de créditos das hipotecas subprime), muito embora elas sejam os principais players dos mercados financeiros. Isso não é pouca coisa. Em 2006, o último ano completo antes do início da crise, a indústria de seguros tinha US$ 18,5 trilhões de ativos sob controle, ou 11% dos ativos financeiros mundiais. Isso colocou as seguradoras apena

31/08/2009 04h48

Por Patrick m. Liedtke

Secretário Geral e Diretor-Gerente The Geneva Association*

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