Cadernos de Seguro

Artigo

Alternativas para um mercado em expansão

A subscrição do seguro de vida no Brasil

Em se tratando de modalidades de seguro, aqui no Brasil é importante ressaltar que predominam os seguros de vida em grupo e acidentes pessoais. Com a estabilização da economia e ampliação da capacidade local, espera-se que o vida individual venha a ocupar lugar de destaque no seguro de pessoas. Isto posto, é momento de fazermos a pergunta que motiva a redação deste artigo: por que as seguradoras precisam avaliar seus riscos?

Tomemos o caso do vida individual: a lógica de aquisição desse produto mostra que, via de regra, os contratos de seguros de vida individual são feitos de forma voluntária. O proponente pode escolher fazer ou não o seguro, qual produto de seguro melhor se encaixa nas suas necessidades e o valor da cobertura de que necessita. Assim, não é incomum acontecer de um proponente, que saiba ser portador de alguma doença grave, solicitar um seguro de alto valor para garantir uma boa renda futura para a sua família, se souber que seu risco não será avaliado adequadamente. A isso, chamamos de antisseleção.

O objetivo da classificação do risco é, portanto, proteger a companhia de seguros, controlar a experiência da mortalidade e calcular um sobreprêmio, comensurável com a mortalidade extra esperada para um risco segurável, porém agravado. Devido ao efeito da seleção, os riscos que são determinados como normais (standard) têm muito menor mortalidade que a média para aqueles da mesma idade, dentro da população geral.

Desta forma, para estabelecer o preço mais justo para um seguro de um evento incerto, as estimativas devem ser feitas de acordo com as probabilidades associadas à ocorrência, momento e magnitude de tal evento. Essas estimativas normalmente são feitas com base na experiência passada (sinistralidade), juntamente com projeções de tendências futuras (análise dos fatores de risco).

Apesar de existirem pequenas diferenças em diversos países, a maioria das práticas de subscrição é muito similar e os seus princípios gerais são muito próximos. Um dos objetivos da subscrição é aceitar a máxima proporção de casos possíveis à tarifa normal, deixando somente uma pequena percentagem de riscos agravados (substandard) para serem tarifados conforme o risco particular do agravo ou doença presente. Na prática da subscrição, apenas uma parcela muito pequena de propostas acabará sendo recusada.

O processo de seleção do risco deve começar com o corretor, que tem a responsabilidade, assim como um interesse próprio, de inscrever propostas somente das pessoas que realmente precisam e estão qualificadas ao seguro. O subscritor continua o processo de seleção ao obter e analisar as informações necessárias para determinar se o risco é aceitável ou não.

A avaliação da aceitação dos riscos individuais pela companhia é a "seleção do risco?. A separação dos riscos segurados em categorias chamadas ?normal?, e os diversos graus de riscos ?agravados? são chamados, como demonstrado acima, de classificação do risco. As diferentes classes dos riscos agravados são previamente determinadas pela companhia, de acordo com o grau de mortalidade extra produzida por cada agravo ou doença, e o subscritor encaixa o risco individual dentro da classe apropriada.

As classes de risco podem incluir uma ou mais classes normais e diversas classes de riscos agravados (que podem ser duas ou três, até dez ou vinte classes diferentes, a depender da estratégia da companhia). Um prêmio é então determinado para cada classe, e os grupos de risco que têm propensão para produzir a mesma mortalidade são então designados para a mesma classe.

Existem certas características que afetam o nível de mortalidade e, por conseguinte, o prêmio básico. Ao longo de muitos anos, a única característica usada para determinar o prêmio básico para cada segurado era a idade. Porém, mais recentemente, o sexo e o hábito de fumar são fatores que também vêm sendo utilizados para determinar o prêmio básico para cada segurado.

Após a classificação por idade, sexo e presença ou não de tabagismo, o próximo passo

09/04/2010 04h18

Por Hamurabi Santiago

Médico do seguro, subscritor médico para Vida & Saúde da Swiss Re - Escritório de Representação do Brasil

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