Cadernos de Seguro

Artigo

MICROSSEGUROS E PROTEÇÃO DO CONSUMIDOR

[B]Como nos comunicar com as classes que hoje não são alcançadas pela proteção do seguro?[/B]

[I]?Seguro: é melhor ter e não precisar do que precisar e não ter.?[/I]

Essa afirmação é mais verdadeira quanto menos forem os recursos disponíveis para fazer frente aos infortúnios, aos eventos inesperados, que podem causar sérios transtornos práticos na vida diária. Se a pessoa tem recursos suficientes para, em caso de azar, ter de onde tirar o dinheiro ? alguma aplicação financeira, por exemplo ? para repor o carro roubado ou destruído, para trocar o eletrodoméstico que deixou de funcionar, para enterrar um ente querido, o problema é meramente financeiro.

Esse é o risco que cada um tem que avaliar de acordo com sua situação específica. A decisão de fazer o seguro implica o pagamento regular de um valor, para não ter que enfrentar uma despesa inesperada e, provavelmente, muito maior, em algum momento futuro. Por isso, seguro é sinônimo de tranquilidade, proteção. Na realidade, não transferimos o risco do roubo do nosso carro para a seguradora, transferimos as perdas financeiras decorrentes do fato de o nosso carro ter sido roubado.

Podemos afirmar que as populações de baixa renda são mais vulneráveis aos riscos e imprevistos nas diversas dimensões que compõem o seu bem-estar.

Em tempos de crise, as pessoas pobres são, em geral, as que estão mais expostas a riscos e as menos habilitadas a se proteger. Calamidades, como a morte súbita de um membro da família, uma doença, ferimentos graves, demissão imprevista, perda de um bem, são exemplos de situações que aumentam a vulnerabilidade dos pobres por interromperem o difícil processo de acúmulo de ativos. É comum assistir a famílias que, penosamente, conseguiram sair de um estado de pobreza e se viram atiradas de volta a esse estado quando foram atingidas por ocorrências imprevistas, o sinistro. Na falta de uma proteção governamental direta, esses riscos podem ser mitigados por meio de poupança, redes informais de apoio ou de mecanismos comunitários de distribuição de riscos. No entanto, essas estratégias podem não ser suficientes e falhar quando a necessidade de auxílio for maior. A aquisição de diferentes formas de seguro pode ser uma solução eficaz de planejamento financeiro para evitar prejuízos.

A experiência internacional mostrou que seguros podem ter uma participação importante em amenizar tais riscos para pessoas de baixa renda. Uma pessoa que não consiga acumular economias que cubram eventuais perdas pode, no entanto, ser capaz de pagar os prêmios de um seguro contra o risco, desde que o referido seguro seja formatado especialmente para os pobres e tenha um custo suportável por eles. Este é o desafio e também o objetivo da indústria de seguro: o microsseguro.

Por outro lado, o microsseguro pode se tornar uma potente ferramenta de proteção social. O aumento da proteção de risco das famílias reduz as obrigações de proteção social do Estado. Há, portanto, sólidos motivos para o Estado criar incentivos fiscais para o crescimento do mercado de microsseguros.

A criação de uma proteção contra riscos baseada no mercado da população de baixa renda poderá ter um papel vital no esforço brasileiro para inclusão social e financeira. Um objetivo-chave do desenvolvimento do microsseguro no Brasil deverá ser a salvaguarda dos avanços já obtidos no aumento de renda de milhões de domicílios que recentemente emergiram da pobreza através das políticas governamentais para a inclusão social e crescimento econômico, conforme pode ser observado no gráfico a seguir apresentado. É exatamente a expectativa favorável quanto ao futuro que alicerça a expansão do mercado. Observe o ano de 2014, ano da Copa do Mundo no Brasil.

O aumento da renda da população brasileira ao longo da década impulsionou o consumo e redefiniu as classes sociais no Brasil:

O crescimento das classes C e D é um fenômeno ainda não inteiramente compreendido. Também para as seguradoras é hora de reaprender o que pensavam sobre seus clientes. O mercad

01/10/2010 02h34

Por Maria Elena Bidino

Assessora de Assuntos Institucionais e do Consumidor da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNSeg)

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