Cadernos de Seguro

Artigo

TAXAS DE FRACIONAMENTO EM AUTOMÓVEL

[B]Um estudo da evolução dos juros praticados nos parcelamentos dos prêmios[/B]

Critérios

Este estudo analisa a evolução das taxas de juros praticadas no parcelamento dos prêmios de seguro de automóvel em algumas companhias brasileiras, somente na opção carnê (ou boleto bancário). No setor, esses valores são também conhecidos como taxas de fracionamento.

No cálculo dos juros, a opção de parcelamento foi comparada com a opção de compra à vista, paga em espécie.

O boleto bancário tem duas características principais. Primeiro, todas as seguradoras o praticam. Esse foi o motivo para usá-lo como critério comparativo. Segundo, usualmente, é a situação em que as taxas são as maiores, quando comparada às outras opções. Esse valor maior no boleto bancário se deve ao fato de o risco de inadimplência nesse tipo de operação ser mais elevado.

É importante ressaltar que existem, dependendo da seguradora, outras formas de parcelamento de pagamento em um seguro de automóvel: o cheque pré-datado, o boleto bancário, o cartão de crédito, o débito bancário e o cartão de crédito com bandeira específica. Muitas vezes, essas formas são apresentadas de forma combinada para o consumidor.

Os dados utilizados nos cálculos foram obtidos das próprias planilhas de cálculo informadas pelas empresas, quando da solicitação de uma proposta de seguro. As taxas se referem a valores mensais (% ao mês).

Nas análises, foram consideradas, no máximo, 10 parcelas (a situação mais comum), embora algumas seguradoras ofereçam a possibilidade de pagamento em até 12 parcelas (por outro lado, algumas oferecem também menos prazo de pagamento).

Na tabela dos juros, o indicador n.c. ocorre nas seguintes condições: a seguradora não opera nessas condições ou o cálculo não foi feito por qualquer motivo.

Os dados comparam quatro levantamentos distintos, nos anos de 2004, 2006, 2008 e 2010.

Os resultados obtidos estão na tabela 1.

[B]Comentários[/B]

Em função dos resultados obtidos, temos as seguintes observações:

Nos últimos dois anos, houve, de um modo geral, um pequeno aumento nas taxas.

Esse fenômeno de ajuste é coerente com a própria movimentação dos juros da economia. Essa situação pode ser representada pelo gráfico 1, dado a seguir. Nele, as taxas Selic, valores acumulados móveis dos últimos 12 meses, calculadas de valores médios mensais.

Na análise do histórico das taxas, temos:

No início de 2004, a taxa acumulada móvel dos 12 meses anteriores era de, aproximadamente, 16% a 17% ao ano, com tendência de queda.

Ao final desse ano, entretanto, a tendência se reverteu, atingindo aproximadamente 20% no início de 2006. Esse fato se espelhou nas taxas de fracionamento calculadas no meio de 2006, mais elevadas do que em 2004.

Desde o final de 2006, a situação começou a melhorar de forma constante, o que resultou em uma diminuição nos valores cobrados pelas seguradoras, quando as taxas acumuladas móveis nos 12 meses anteriores da Selic se situam próximas aos 12% ao ano.

Entretanto, em 2008, a subida das taxas inflacionárias e, depois, a crise econômica reverteram esse movimento, fazendo com que as taxas passassem para o patamar de 14% ao ano.

Passado esse momento crítico, as taxas voltaram a cair e, hoje, se situam em um patamar de 10% ao ano (acumulado móvel nos últimos 12 meses).

Teoricamente, tudo leva a crer que a trajetória dos juros de fracionamento deva ser de queda. Entretanto, como, para o futuro, estão sendo projetados aumentos nas taxas de juros da economia como um todo, esse movimento pode se refreado um pouco.

Para ver todas as tabelas e os gráficos do artigo clique aqui: http://cadernosdeseguro.funenseg.org.br/tabelas/galiza.htm

07/12/2010 02h59

Por Francisco Galiza

Mestre em Economia pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), membro do Conselho Editorial da Escola Nacional de Seguros, membro da Academia Nacional de Seguros e Previdência (ANSP) e sócio da empresa Rating de Seguros

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