Cadernos de Seguro

Artigo

MERCADO DE SEGUROS

[I][B]O que esperar de 2011?[/B][/I]

Conforme o esperado, num ano de forte crescimento da economia, foi excelente o desempenho do mercado de seguros, previdência complementar aberta e capitalização em 2010. De fato, o faturamento do setor com prêmios de seguros, contribuições de previdência e receitas de títulos de capitalização cresceu 15,7% de janeiro a novembro de 2010 em relação a igual período no ano de 2009. Mantidos no período de janeiro a dezembro de 2010 tais percentuais de crescimento e as expectativas de acréscimo do PIB, o coeficiente de penetração do mercado de seguros (prêmios e contribuições divididos pelo PIB) terá subido de 3,50% em 2009 para 3,57% em 2010.

Desagregando-se o faturamento total, cabe destacar que os segmentos do ramo vida (inclusive previdência) tiveram acréscimos de arrecadação de 17,7%, capitalização, de 17,4%, não vida, de 14,4% e saúde, de 10,1%. Alguns ramos - seguros de vida individual, seguros patrimoniais e seguros de transportes - tiveram notável recuperação com os faturamentos respectivos, crescendo 38,4%, 22,1% e 18,1% de janeiro a novembro de 2010 ante o mesmo período de 2009. Outros, como os seguros habitacionais, o VGBL e os seguros prestamistas mantiveram em 2010 o desempenho exponencial observado em 2009, com os faturamentos respectivos crescendo 20,5%, 21,6% e 23,2% sobre 2009. Finalmente, o seguro garantia não repetiu o bom desempenho observado em 2009, com os prêmios diretos crescendo apenas 1,6%, e os seguros de crédito continuaram encolhendo, com os prêmios diretos caindo 4% em 2010.

Um fato digno de nota é que, apesar do ambiente de competição que permeia o mercado, o acréscimo de receitas foi acompanhado de acréscimos dos lucros das seguradoras. Dito de outro modo, o mercado tem posto sob controle as despesas administrativas e de comercialização e vem acertando no apreçamento dos riscos, o que resulta em lucros cujos crescimentos são iguais ou maiores que os das receitas. Note-se, a esse respeito, que o lucro líquido agregado das seguradoras sujeitas à regulação da Susep cresceu 18% em 2010 sobre 2009. A taxa média de rentabilidade dessas seguradoras (lucro líquido divido pelo patrimônio líquido médio anual), no período de janeiro a novembro de 2010, foi de 17%, pouco se alterando em comparação com o mesmo período de 2009. Trata-se de uma taxa de rentabilidade elevada se comparada com a taxa de juros Selic média do período, de 9,8%.

Em 2010, pode-se dizer que foi o ?resultado técnico? (e não o financeiro) que explicou a boa lucratividade das seguradoras. De fato, no acumulado de janeiro a novembro, enquanto os prêmios ganhos do total das seguradoras cresceram 14% sobre o mesmo período de 2009, os sinistros retidos, as despesas de comercialização e as administrativas cresceram, respectivamente, 8%, 18% e 9%. Somadas, tais despesas aumentaram 10,5%. Já o resultado financeiro aumentou apenas 7% e o resultado patrimonial caiu 1%. Dessa forma, com melhor subscrição de riscos e controle de custos, abriu-se espaço para a manutenção da taxa de lucratividade das seguradoras. Aliás, como mostra o gráfico abaixo, já vem de longe o esforço das seguradoras em melhorar a gestão técnica. De fato, a soma dos sinistros retidos e das despesas de comercialização como porcentagem dos prêmios ganhos de seguros caiu quase continuamente de 80% em 2004 para 73,7% em 2010 (até novembro).

Em 2010, houve também intensificação da competição no mercado de resseguro. Segundo dados da Susep, os prêmios de resseguros das resseguradoras locais foram de R$ 1.669 milhões no período de janeiro a outubro de 2010, o que implicou num decréscimo de 45% ante o mesmo período de 2009. A razão desse decréscimo foi essencialmente o desempenho do IRB, cujos prêmios caíram 62% no período citado. As demais resseguradoras locais tiveram crescimento de 14,1% dos prêmios de resseguro.

Os prêmios de resseguros cedidos pelas seguradoras somaram R$ 3.814 milhões de janeiro a outubro de 2010, o que significou um acréscimo de 7% ante o mesmo período de 2009. Por conseguinte, pode-se estimar que o

25/02/2011 11h11

Por Lauro Vieira de Faria

Economista e consultor da Escola Nacional de Seguros ? Funenseg

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