Cadernos de Seguro

Artigo

Evolução do Mercado de Seguros a Partir do CDC

Como o código fez o setor ser o primeiro da economia a se mobilizar para mudanças significativas em produtos, atendimento, contrato e adaptação às novas regras


A promulgação do Código de Defesa do Consumidor (CDC), em 1990, pela Lei 8.078, não apenas regularizou as relações de consumo, mas veio estabelecer uma nova forma de pensar e agir na sociedade brasileira, com avanços constantes que se estendem até os dias de hoje.

Diante de um cenário de inflação desenfreada, globalização, explosão do consumo após o Plano Real e da escalada das classes ?C? e ?D? no acesso a bens e serviços, uma certeza absoluta se destaca ? a mudança na forma das empresas se relacionarem com seus clientes consumidores.

O Código de Defesa do Consumidor trouxe uma conscientização sobre os direitos do consumidor que não deixou nem um segmento econômico do país fora ou imune a seus efeitos.

Não podemos mais separar consumidores de cidadãos. Eles agora estão e são mais exigentes, mais bem informados. Todos são cidadãos e consomem. E, ao consumir, expressam, além do seu gosto, necessidades e possíveis idiossincrasias, opiniões e valores - seja ao comprar móveis de madeira certificada, o café orgânico, ao escolher um celular e até mesmo ao contratar um seguro.

A aceleração e o aumento do consumo e o desenvolvimento da tecnologia dos meios eletrônicos possibilitaram a expansão de capacidade que até então era, para muitos, limitada. Concretizou-se para todos o direito de se comunicar, saber e conhecer; ser informado de tudo o que for relevante sobre suas escolhas de compra.

Por meio do compartilhamento de informações, sobretudo via internet ? por meio das chamadas mídias sociais ? em poucos instantes é possível disseminar opiniões e fatos, influenciar ou ser influenciado na compra ou venda de produtos e serviços; receber referências ou até mesmo informar-se sobre qual o produto ou serviço a ser evitado.

O desenvolvimento de um maior respeito nas relações de consumo se alicerçou quanto ao setor de seguros em três grandes pilares: a criação do Código de Defesa do Consumidor, a atuação das agências reguladoras e a autorregulação que se busca por meio de uma série de medidas e instrumentos como o Código de Ética, Manuais de Boas Práticas e outros.

Segundo pesquisa da Cetelem-Ipsos 2010, a classe média passou de uma população de 62,702 milhões (2005-2010) para 101,651; as classes D e E que então somavam 92,936 milhões, agora foram reduzidas para 47,948 milhões de pessoas. Já as classes AB saltaram de 26,421 para 43,195 milhões.

Dados como estes influenciam e se refletem diretamente no mercado de seguros, e o seguro de automóvel é responsável pela maior percepção de seguros no Brasil. Com o crescimento do poder aquisitivo da população, o sonho de comprar o carro 0km passou a ser uma realidade e, ao contrário dos anos 90, nos dias de hoje, mais de 70% dos proprietários saem da loja com seu carro protegido por um contrato de seguro.

O CDC estabeleceu inúmeras mudanças na relação entre segurados, corretores de seguros e seguradoras. E o mercado de seguros foi o primeiro setor da economia a se mobilizar, sobretudo quanto a adaptar seus contratos às novas regras, abandonando as letrinhas miúdas por textos com letras maiores, grifos e negrito.

Nessas duas décadas surgiram muitos novos produtos. Na busca da fidelização ou captura desse novo consumidor, cada vez mais exigente, o seguro expandiu o espectro da sua abrangência. Surgiram novos seguros como os dirigidos a equipamentos portáveis ? notebook, smartphones, tablets.

Um dos ramos do seguro que sofreu grandes modificações foi o de seguro de automóvel. Novas coberturas foram criadas, quer diretamente ligadas ao veículo, como reparos em oficina referenciada, atendimento local em caso de perda de chaves, reboque, serviços mecânicos em caso de panes elétricas, ou outras que visam a oferecer um conforto extra a pessoas cada vez mais ocupadas, consertos de aparelhos elétricos, serviço de encanador, pequenos reparos domésticos, inclusive oferecidos nos seguros residenciais. Comple

29/11/2012 05h41

Por Jayme Garfinkel

Formado em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (1970) e pós-graduado em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (1975). Ingressou na Porto Seguro em 1972 como assistente da diretoria, assumindo o cargo de diretor vice-presidente em 1978. Atualmente, é presidente do Conselho de Administração, exercendo, ainda, cargo de diretor presidente da Porto Seguro Itaú Unibanco Participações SA (PSIUPAR), holding controladora da Porto Seguro AS. É também diretor presidente da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg) e vice-presidente e membro do Conselho Superior da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNSeg). Preside ainda a Associação ?Crescer Sempre?.

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