Cadernos de Seguro

Artigo

METODOLOGIA PARA UM ÍNDICE DE CONFIANÇA

E expectativas das seguradoras no Brasil

Em 2012, no Brasil, algumas previsões econômicas não fizeram muito sucesso. Por exemplo, ao abrir o ano, o governo (e a maioria dos economistas) projetava um crescimento econômico para o país acima de 4%. Doze meses depois, enfrentamos um patamar de 1%, uma diferença marcante.

Tirando o aspecto até cômico da situação, a pergunta que fica é: ?O que fazer? Será que existe um plano B??. Infelizmente, no momento, não. Em termos científicos, precisamos continuar com o aprimoramento da metodologia e, sobretudo, aceitar as críticas com humildade, e mesmo como estímulo para novos estudos. Devemos reconhecer que realizar previsões não é tarefa fácil, pois a incerteza é elevada na economia moderna. Por outro lado, porém, é também consenso dizer que esse tipo de estudo é de fundamental importância na nossa sociedade, sendo um dos principais trabalhos de um economista.

Em vista disso, falaremos sobre esse assunto, dividindo o desenvolvimento do artigo nos seguintes tópicos:

? Inicialmente, faremos uma discussão sobre os principais aspectos teóricos na realização de previsões econômicas;
? Em seguida, falaremos sobre aqueles estudos que geram as suas expectativas em função de pesquisas feitas diretamente com os agentes que trabalham em cada setor, resultando assim nos conhecidos Índices de Confiança e de Expectativas;
? Um tópico seguinte é a apresentação de metodologia para um indicador análogo a ser aplicado no mercado segurador brasileiro, criado recentemente no segmento;
? Por último, as conclusões e as possíveis repercussões no setor com a apresentação periódica desse novo material.

Metodologia para realizar previsões

Em termos teóricos, podemos ter duas abordagens distintas, quando nos defrontamos com a realização de previsões em determinado setor. Essas análises podem ser desenvolvidas de forma concomitante ou independente.

Indicadores Antecedentes

O princípio do sistema de indicadores antecedentes é o fato de que algumas variáveis têm a propriedade de resumir informações capazes de sinalizar previamente, vários meses antes, o início de uma recessão ou de uma recuperação econômica, tanto para a atividade agregada como para a de setores específicos.

Por exemplo, um aumento na insolvência de empresas e de consumidores significa que o ritmo de atividade deve sofrer uma queda nos meses futuros. Mudanças nas encomendas de máquinas, das licenças para novas construções, do salário real e do nível de emprego, juros reais e outras medidas de política econômica são outras variáveis capazes de prever ou de gerar uma mudança na fase cíclica. Através de testes estatísticos, é possível identificar um conjunto de variáveis ? denominadas variáveis-insumo ? que antecipam as flutuações da variável-referência, com significância estatística.

Índices de Confiança

Outra abordagem possível na realização de previsões é o desenvolvimento dos índices de confiança. De forma objetiva, podemos fazer duas perguntas sobre esse indicador: quem faz e como funciona.

Quem faz?

Em geral, três tipos de instituição: entidades representativas de classe (SEBRAE, CNC, etc); instituições de ensino e pesquisa (Índice FECAP de Comércio Varejista); empresas de consultoria (McKinsey, com a sua pesquisa mundial, etc).

Como funciona (em linhas gerais)?

? Todo mês, são enviadas perguntas muito simples, de múltipla escolha e qualitativas para um executivo de cada companhia.
? Em geral, a quantidade média de perguntas para a determinação do indicador varia de três a nove por mês.
? Essas perguntas podem versar sobre assuntos diversos: a situação atual ou futura; sobre a economia como um todo, o mercado em que as empresas operam ou algum aspecto da sua realidade de negócios.
? As mesmas perguntas são repetidas mensalmente e as respostas não são divulgadas individualmente.
? Após cálculos estatísticos, o valor final do índice irá variar entre 0 e 200. O número 100 indica que a expectativa atual é que a situação futura permaneça a mesma. Quanto maior esse valor, mais otimista está

25/03/2013 11h12

Por Francisco Galiza

Mestre em Economia pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), membro do Conselho Editorial da Escola Nacional de Seguros, membro da Academia Nacional de Seguros e Previdência (ANSP) e sócio da empresa Rating de Seguros

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