Cadernos de Seguro

Artigo

Lições a serem aprendidas

[I]Os desafios que serão enfrentados pela IAIS num período de turbulência[/I]

[B]Peter Braumüller[/B]

A crise financeira global teve um impacto significativo na indústria de seguros. As três principais razões foram:

(1) Os investimentos ou garantias das seguradoras para produtos estruturados, que ocasionaram grandes prejuízos, gerando pressão sobre os balanços das seguradoras;

(2) A deterioração das carteiras de investimento das seguradoras, devido à desaceleração econômica global;

(3) As restrições para aumento de capital, devido ao clima econômico desafiador.

Na tentativa de melhorar a resiliência do setor financeiro, o G-20 e o Fundo de Estabilidade Financeira (FEF) levantaram questões sistêmicas sobre a regulação das instituições financeiras ? especificamente a supervisão de instituições e produtos financeiros sistemicamente importantes. A IAIS (Associação Internacional de Supervisores de Seguros; www.iaisweb.org) é uma das organizações que foram incumbidas de auxiliar na abordagem dessas questões.

Este artigo explica quem é a IAIS e as lições que podem ser aprendidas a partir da crise financeira. As organizações trabalham para promover a estabilidade financeira e para melhorar a supervisão de seguros, no que diz respeito a assuntos macroprudenciais, os quais também são discutidos.

As razões que deram origem à crise geraram muitas discussões em todos os níveis. A IAIS acredita que três lições-chave podem ser extraídas da crise:

[B]Sólido gerenciamento de riscos:[/B]
Uma das principais causas da crise é a ampla e considerável quantidade de distribuição de produtos de crédito estruturados e complexos. Alguns produtos, tais como produtos ressecuritizados ou certificados para inadimplência de crédito (Credit Default Options ? CDO), são tão complexos que até mesmo membros da gestão em algumas instituições financeiras não compreendem os riscos envolvidos nesses produtos. Em outras palavras, instituições financeiras absorveram riscos de crédito sem perceber ou compreender devidamente os riscos. Devido ao agrupamento e fatiamento de cada risco de crédito não é viável monitorar cada risco de crédito individual incluído nos produtos. Assim, a avaliação do risco de crédito requerida em um produto como esses dependia fortemente de um modelo não testado, baseado em dados anteriores limitados durante períodos de otimismo econômico.

O que ocorreu no mercado ao longo dos últimos anos se deveu a uma atitude complacente. Com ampla liquidez, em busca de maiores rendimentos, os bancos e outras instituições financeiras negligenciaram o gerenciamento básico de risco ? avaliação adequada de seus riscos.

É necessário agora retornar aos fundamentos básicos, isto é, realizar um gerenciamento sólido dos riscos, incluindo um monitoramento.

[B]Abordagem macroprudencial global[/B]
O dever essencial dos órgãos reguladores financeiros é supervisionar entidades individuais em suas próprias jurisdições. Esse é o mandato dos supervisores do setor de seguros e também de outros setores financeiros. Isso se chama abordagem ?microprudencial?. A abordagem tradicional, em particular dos supervisores de seguros, protege os segurados fiscalizando uma companhia de seguro separadamente, em sua própria jurisdição, considerando-a uma empresa independente única ? é a chamada abordagem de propósito específico.

[B]Cooperação entre os supervisores[/B]
A crise financeira atual ilustrou a necessidade de melhorar a cooperação e coordenação entre os órgãos supervisores, especialmente no sentido de ir além de fronteiras e setores na troca de experiências. A crescente globalização da indústria de seguros significa que os órgãos supervisores ao redor do mundo necessitam trabalhar juntos, particularmente em situações de crise. Mecanismos de coordenação eficientes precisam ser acionados.

Durante o ano passado, a IAIS focou mais especificamente questões de supervisão, no que diz respeito à estabilidade financeira. As principais iniciativas relacionadas a esse assunto são:

[B]Grupos de seguro internacionalmente ativos (GSIA)[/B]

31/08/2009 04h43

Por Peter Braumüller

Presidente do Comitê Executivo, IAIS

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